Imprensa

VERÃO CLÁSSICO 2017

Academia Internacional de Música de Lisboa

1 a 10 de Agosto, Centro Cultural de Belém

In ClassiqueNews, por Alexandre Pham, 28.09.2017

O que faz hoje um bom festival de música de câmara? Obviamente, a qualidade dos músicos convidados, a diversidade e o ritmo da experiência musical para o público ... e talvez, especialmente como aqui em Lisboa, o desejo de renovar e enriquecer o género. Para todas estas questões primordiais, o diretor artístico do evento e pianista, Filipe Pinto-Ribeiro, encontrou as respostas, mas vai mais longe, também garantindo, simultaneamente, o enriquecimento técnico dos jovens estudantes da academia e, para o público do festival, uma imersão excepcional no mecanismo de concerto e interpretação. Ao mesmo tempo, festival e academia, o Verão Clássico responde às expectativas de ambos os lados da cena musical.

Lisboa, festival e academia

VERÃO CLÁSSICO, jóia dos novos festivais de música de câmara

No CCB, Centro Cultural de Belém...

No Centro Cultural de Belém, em Lisboa, público, músicos em formação, músicos famosos e professores animam, durante 10 dias, uma verdadeira colmeia - ou seja, uma cidade musical idílica, onde a aprendizagem é vizinha da experiência de concerto, sobretudo onde os aprendizes podem ouvir e analisar a arte dos seus professores... eles próprios convidados a apresentarem-se em concertos perante os seus cadetes e o público que tem acesso a todas as sessões. A experiência é ainda mais meritória e estimável, uma vez que em Portugal não existe uma tradição de música de câmara como em França ou na Alemanha. O festival preenche assim um vazio manifesto. Decorre pois, num clima estival, um ciclo de aprofundamento e formador para muitos jovens instrumentistas que vêm aprofundar a sua técnica de solistas ou melhorar a sua capacidade de tocar em conjunto.

A ideia de implementar no CCB este festival e esta academia oferece uma oportunidade única para os músicos portugueses e para todos os jovens músicos internacionais de seguir aqui os conselhos dos maiores concertistas, também habituados a tocar em conjunto (alguns deles com o hábito de se encontrarem nos cartazes de festivais e salas ilustres por todo o mundo). A força da Academia de Lisboa vem das personalidades convidadas: este ano, entre outros: os violinistas Corey Cerovsek ou Elina Vähälä; a trompista Marie-Luise Neunecker, o clarinetista Pascal Moraguès ou os violoncelistas Gary Hoffman e Kyril Zlotnikov... Obviamente, a classe do violoncelista americano Gary Hoffman - personalidade muito carismática, de uma cultura e uma sensibilidade estimulante (e que, além disso, fala um francês impecável) - está sempre cheia; e cada uma das suas prestações em concerto, a solo e ao lado de seus colegas igualmente experimentados, suscita o entusiasmo pela sua musicalidade e integridade musical, para não mencionar a sua inteligência artística. Sem dúvida, um Mestre.

O sentido das alquimias musicais...

O talento de Filipe Pinto-Ribeiro é ter conseguido reunir, dentro da equipa pedagógica, artistas carismáticos que também sabem tocar em conjunto: de modo que, após o dia intenso de aulas e ensaios, cada concerto dos Mestres (intitulado "masterfest"), é uma dádiva, um farol, uma fonte de estímulo e extravasamento. Para todos. Para os jovens aprendizes, para o público, e para os mais experientes, felizes de ouvir os seus colegas ou de tocar juntos nos concertos num espírito de partilha e estima mútuas.

Uma escola da vida...

Durante o tempo da nossa estadia em Lisboa, foi possível medir o grau de envolvimento dos jovens músicos participantes na academia (no verão de 2017, mais de 150 jovens de toda a Europa, da Ásia e das Américas ...), a qualidade das aulas oferecidas pelos professores, a organização dos concertos oferecidos ao público. Cada um deles obtém um benefício humano, artístico e técnico de grande valor. A música de câmara requer uma qualidade de escuta, uma humildade, uma grande abertura de espírito, que se revelam, na própria vida, valiosas bagagens. Nada substitui os contributos de uma experiência musical coletiva. Tocar em conjunto significa aprender a viver com os outros. A metáfora mostra quão essenciais são o ciclo e a oferta hoje em dia. No coração do programa, impõe-se a educação e a experiência dos 4 concertos dos professores (as “MasterFests”), e os 6 concertos dos jovens instrumentistas da academia(“TalentFests”).

Junto com músicos internacionais de todo o mundo, muitos jovens músicos portugueses seguem as sessões de trabalho e participam nos concertos: a escola de música da Orquestra Metropolitana de Lisboa, outra colmeia musical permanente, que acolhe os jovens músicos, é um parceiro privilegiado do festival academia do CCB: assim, cada um encontra seu lugar de acordo com o seu nível e os seus objetivos.

As fronteiras libertam-se: uma única família define-se e reforça-se ao diapasão das nacionalidades associadas (20 países diferentes estão representados em Lisboa), dos encontros e dos intercâmbios. Nada pode atingir este nível de emulação coletiva, como a experiência da música de câmara tal como é vivida em Lisboa. O tempo do festival-academia Verão Clássico transforma a mentes, as formas de tocar e de viver a música. A experiência dos outros, a audição dos parceiros ... a oferta final dada aos participantes e ao público do festival em cada concerto reativa esse ideal europeu onde as nacionalidades se unem para construir uma harmonia de forma repentinamente tangível e audível. Através do seu funcionamento, dos seus objectivos, das suas realizações, o festival-academia VERÃO CLÁSSICO é um exemplo a seguir. Uma utopia tornada realidade.


In Revista E - Expresso, 19.08.2017


In Revista E - Expresso, 12.08.2017


In Diário de Notícias, 31.07.2017


In Revista E - Expresso, 29.07.2017


In TimeOut, 26.07.2017